Pesquisas da UFSC já identificaram 43 diferentes variedades de arroz em Anchieta

A informação é da bióloga Tassiane Terezinha Pinto, do Núcleo de Estudos em Agrobiodiversidade (Neabio) que desenvolve trabalhos a respeito de diversidade de variedades crioulas de arroz de sequeiro no Oeste catarinense. De acordo com a pesquisadora, num primeiro levantamento em Anchieta, foram encontradas 43 variedades em 12 comunidades diferentes. Ela ressalta, no entanto, que até agora, apenas 31 informantes responderam ao questionário da pesquisa por isso, estima-se haver muito mais variedades e agricultores mantenedores de arroz no município. “O número de variedades surpreendeu, pois se acreditava que a quantidade de variedades seria menor. O que se pretende agora é saber quantas realmente são as famílias que conservam as sementes, em todas as comunidades do município, a fim de termos uma amostra maior de sementes para a realização de todos os trabalhos laboratoriais”, explica.

A primeira etapa da pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Epagri e da secretaria de Saúde de Anchieta. Nesta fase, os pesquisadores do projeto foram até as propriedades das famílias que mantêm as sementes e realizaram uma entrevista a respeito das variedades e modo de cultivo, coletando as amostras para realização de estudos e formação de um banco de sementes. Agora, será realizada uma nova coleta cujos dados obtidos poderão dar um panorama sobre como ocorre a produção de arroz de sequeiro em Anchieta, quando e como são realizados os plantios e qual a finalidade da produção. O início da nova etapa da pesquisa está previsto para iniciar ainda em setembro. Em Anchieta, os pesquisadores da UFSC também desenvolvem estudos com variedades de milho, tomate e hortaliças.

Sobre o Núcleo de Estudos em Agrobiodiversidade

O NEABio da UFSC, coordenado pela professora Juliana Bernardi Ogliari, está sediado em Florianópolis, na Universidade Federal de Santa Catarina. Conta com 10 professores e pesquisadores vinculados a diferentes instituições de ensino superior, pesquisa e extensão (UFSC, UFFS, EMBRAPA, EPAGRI e ESALQ/USP) envolvidos em projetos de pesquisa, extensão e capacitação com organizações de agricultores do Oeste catarinense desde 2001. Os trabalhos realizados pelo NEABio da UFSC, procuram resgatar estas sementes, entender como os agricultores familiares realizaram o manejo e a conservação da cultura durante longos anos de cultivo, além de analisar as o potencial genético dessas variedades quanto aos valores nutricionais dos grãos, culinários, adaptativos e agronômico e comerciais. Com este conhecimento, é possível traçar medidas de conservação em parceria com agricultores familiares, evitando a erosão destas sementes, ou seja, a perda da variabilidade existente entre elas. Atualmente, o núcleo conta com o apoio de e 17 alunos de pós-graduação e graduação da UFSC.